Inclusão de PCDs nas empresas começa com a promoção de autonomia

Descrição: A imagem mostra duas mulheres sentadas em uma mesa, em um ambiente fechado cercado por janelas de vidro. A mulher da frente é negra, tem cabelos curtos crespos e loiros, usa óculos, um colar de contas e manuseia um tablet apoiado na mesa. A mulher atrás dela é negra, tem tranças afro, usa brincos e uma blusa laranja. Descrição realizada com o auxílio de inteligência artificial

O Estatuto da Pessoa com Deficiência, sob a Lei nº 13.146/2015, considera que qualquer pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial tem direito à igualdade de oportunidades e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. De acordo com o Censo 2010, quase 46 milhões de brasileiros (24% da população) declararam ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus) ou possuir deficiência intelectual.

A legislação reforça que, assim como as demais, pessoas com deficiência (PCD ‘s) têm direito a vida, saúde, educação, moradia, trabalho, assistência social, acesso ao esporte, cultura e lazer, entre outros. Entretanto, na prática, essas determinações esbarram em inúmeros desafios, que começam pela compreensão, por parte de toda sociedade, das pessoas com deficiência como sujeitos de direitos.

Direito à educação

Recentemente, o tema ganhou maior visibilidade por conta da realização das Paraolimpíadas de Tóquio – com recorde brasileiro histórico no número de medalhas de ouro -, e frente ao debate controverso a respeito da convivência entre crianças e jovens com e sem deficiência nas escolas.

De acordo com o Estatuto, “é dever do poder público o ‘aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena”.

Julia Drezza, consultora da Mais Diversidade, explica que educação vai muito além de aulas de 50 minutos e envolve também o desenvolvimento e a vivência prática de valores como respeito, empatia, criatividade e diversidade. “Quando esses valores são vivenciados dentro de ambientes diversos, acontece o desenvolvimento de um ser humano mais respeitoso e inclusivo. A inovação e criatividade torna-se muito mais presente, afinal, múltiplas perspectivas, narrativas e realidades passam a fazer parte do mesmo ambiente.”

Segundo Viviane Machado, analista do Mobilização para Autonomia, programa da Fundação FEAC que promove iniciativas que buscam a inclusão efetiva das pessoas com deficiência, quando a pessoa é impedida de participar de espaços de convivência, como as escolas, tanto elas, quanto os demais estudantes são privados de uma troca rica.

“Isso tem reflexos em todos os níveis. Se não há criança com deficiência na escola, consequentemente, no futuro, ela não estará nos melhores postos de trabalho, e se as crianças sem deficiência não conviverem com elas, seu conceito sobre deficiência continuará em um plano imaginário e, muitas vezes, irreal, algo que infelizmente persiste em muitas empresas e serviços que continuam a segregar.”

Pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Se promover a igualdade de oportunidades na educação básica já constitui um desafio para a realidade brasileira, a inserção de PCD ‘s no mercado de trabalho também não é tarefa simples. Apesar de a Lei de Cotas – nº 8.213/1991 – estar em vigor há 30 anos, muitas empresas ainda têm dificuldade de cumprir determinações como o mínimo de 2% de funcionários com deficiência para companhias com 100 a 200 colaboradores.

De acordo com Julia, durante muito tempo a inclusão de PCD ‘s esteve muito atrelada às cotas. Entretanto, ela avalia que houve uma evolução. “Atualmente, o debate está mais vivo e faz parte de metas corporativas e compromissos públicos, mas os desafios ainda são muitos. Além disso, a solução não engloba apenas a empresa repensar políticas e processos, mas também a sociedade incorporar a inclusão como um valor inegociável.”

Entre os principais desafios para que a inclusão aconteça estão o acesso a uma educação inclusiva e anticapacitista livre de estereótipos e a espaços inclusivos que promovam autonomia da pessoa com deficiência. Viviane completa ao explicar que, muitas vezes, por falta de informação e disposição, empresas deixam de ampliar sua visão sobre as possibilidades de incluir profissionais com deficiência em seu quadro de funcionários.

“Uma situação bastante comum é de as empresas contratarem pessoas com a mesma deficiência para as mesmas funções, não ampliando as possibilidades de inclusão, muitas vezes, pelas barreiras físicas encontradas no espaço, não se disponibilizando a realizar as adaptações necessárias para tornar os postos de trabalho mais acessíveis”, expõe a analista.

Motivação

Considerar que um quarto da população brasileira é representada por pessoas com algum tipo de deficiência deveria ser razão suficiente para que empresas promovam processos de inclusão. Seja na escola ou no mercado de trabalho, pessoas sem deficiência têm muito a aprender com PCD ‘s. Por isso, Julia pontua a importância de posturas não na defensiva, e sim com disponibilidade a uma escuta ativa para o letramento.

Além de expor a necessidade do rompimento de estereótipos como pessoa doente ou herói da superação – que são formas de capacitismo -, a consultora afirma que é importante mostrar o quanto é estratégico envolver e incluir pessoas com deficiências nas empresas.

“Em tempos de grande valorização do ESG [sigla em inglês para os pilares meio ambiente, social e governança], é importante lembrar que a pauta de pessoas com deficiência está presente no pilar social e organizações passarão a ser cobradas cada vez mais por seus stakeholders por um posicionamento e gestão voltados ao tema.”

Promoção da autonomia

Viviane, por sua vez, cita o capacitismo e explica que, ao passo que todas as pessoas necessitam de uma rede de apoio, em muitos casos de pessoas com deficiência, essa percepção vai além e é distorcida – com PCD ‘s vistos como totalmente dependentes e incapazes.

“Se todos decidem e fazem tudo pela pessoa, como conhecer e explorar suas habilidades, sonhos e desejos? A deficiência é uma de suas características, mas ela não se resume a isso, por isso não podemos generalizar. O simples fato de perguntar “se a pessoa precisa de ajuda” ou “qual seria a melhor forma de ajudá-la” já traz um olhar diferente sobre essa pessoa, trabalhando sua relação com o externo e, por consequência, sua autonomia”, defende Viviane.

Um dos projetos desenvolvidos no âmbito do programa da Fundação é o Lab Inclusão, que, com o objetivo de fornecer apoio tanto à pessoa com deficiência, como às empresas, e atua a partir de três etapas: levantamento do perfil, habilidades e potencialidades de cada pessoa, mapeamento de vaga compatível com as características levantadas e demanda da empresa e acompanhamento pós-colocação, com suporte ao profissional e à empresa.

“O projeto já incluiu mais de 300 pessoas no mercado de trabalho com uma taxa de permanência superior a 90%, o que comprova que quando a empresa está de fato disposta a mudar sua cultura e oferecer as adaptações necessárias, as possibilidades se abrem para as pessoas com deficiência, que, por sua vez, são acompanhadas nesse processo de autoconhecimento e apoio para desenvolverem sua função”, explica Viviane.

Como começar a promover a inclusão de pessoas com deficiência

Julia e Viviane reforçam algumas atitudes e pontos a ter em mente com o objetivo de promover a inclusão de PCDs nos ambientes de trabalho:

– a inclusão deve acontecer desde o processo seletivo;

– realizar treinamentos para a sensibilização do tema, incluindo lideranças;

– adaptações no ambiente;

– desenvolvimento de canais de denúncia em caso de discriminação;

– diálogo contínuo para que necessidades e pedidos sejam acolhidos;

– aposta em comitês e grupos de afinidades;

– engajar as lideranças das organizações para promoção de uma mudança de cultura;

– construção de planos de carreira.

Matéria original publicada na página do Grupo de Institutos Fundações e Empresas – GIFE

9 motivos para a contratação de pessoas com deficiência

A imagem mostra um grupo de pessoas em um ambiente de escritório. A cena é ilustrada em tons de azul e branco.

No centro da imagem, uma mulher em uma cadeira de rodas segura um caderno e uma caneta. Ela é loira, tem cabelos presos, veste camisa branca e calça preta.

À esquerda, um homem de pele morena e cabelo cacheado está de pé. Ele veste um terno azul, segura uma xícara de café e olha para o caderno que a mulher em cadeira de rodas está segurando.

À direita, uma mulher mais velha está de pé. Ela é loira, tem cabelos curtos, usa óculos, veste blusa branca e calça preta.

Descrição realizada com o auxílio de inteligência artificial

A contratação de pessoas com deficiência gera muitas dúvidas nos gestores e na equipe de RH. A legislação exige que empresas com mais de 100 colaboradores tenham uma cota de PCDs (Pessoas com Deficiência) na equipe, mas essa é a única razão para que uma empresa contrate pessoas com necessidades especiais?

Neste post, você irá descobrir que não. Agregar pessoas com deficiência ao time pode trazer diversos benefícios para a organização, ampliando o horizonte dos relacionamentos através do acréscimo de outras experiências de vida, educando para uma visão mais plural e inclusiva, além de contribuir para uma melhoria da imagem da empresa. Ficou interessado em saber os motivos para a contratação de PCDs?

Confira o post produzido pela Metadados – empresa que desenvolve sistema para a gestão de RH – e saiba mais!

Aperfeiçoamento no processo de contratação

Contratando pessoas com deficiência para a empresa, você também aprimora seu processo seletivo. Isso porque os profissionais do Recursos Humanos precisarão se adaptar para a admissão da PCD. A questão não é observar a pessoa a partir de suas dificuldades, mas sim, entender que o candidato PCD deve ser selecionado como os outros, a partir de suas habilidades e adequação ao perfil ideal da vaga. Isso envolve muitas vezes a superação de ideias preconcebidas e paternalistas. Esse aprendizado para o RH é fundamental, proporciona crescimento profissional e mais eficiência no processo de recrutamento e seleção da empresa.

Melhoria da acessibilidade e adaptação

Contratando profissionais PCDs, a organização necessariamente precisa investir em acessibilidade. Isso proporciona inúmeros benefícios, pois a empresa ficará mais preparada para receber pessoas com necessidades especiais. Os eventos que forem organizados serão mais acessíveis a todos, trazendo uma imagem positiva para a empresa e possibilitando uma ampliação do acesso à sede da corporação. Além disso, a legislação brasileira exige que as corporações insiram adaptações estruturais para atender pessoas com deficiência. Descumprir esse regulamento pode gerar multas, processos e ainda trazer uma imagem muito negativa para a empresa. Aprendizagem humanística para os funcionários.

Cooperação e valorização dos colegas

São excelentes aprendizados que uma PCD pode trazer para seus colaboradores. Os profissionais podem aprender mais sobre inclusão e ajuda mútua, valorizando a importância da participação de todos no bom desempenho nos negócios. É importante pensar que muitas vezes os profissionais não estão preparados para acolher da melhor maneira alguém com necessidades especiais. Daí a importância de o setor de recursos humanos ou de empresas especializadas capacitarem e trabalharem com a equipe para a inclusão de todos os colegas. O resultado será crescimento pessoal, que desencadeará um bom clima organizacional e ótimos resultados para a corporação.

Conhecimento da pessoa com deficiência como consumidor

Ter pessoas com deficiência trabalhando na empresa permite conhecer as possibilidades desse grupo como cliente. Com isso, você poderá observar preferências, gostos, necessidades e traços que só quem tem a experiência de ser um PCD poderá mostrar. Isso proporciona uma visão mais estratégica, que abarca um mercado consumidor muito amplo e em busca de recursos que sejam adequados para suas demandas. Apesar de muitos acharem que há poucos deficientes no país, segundo o IBGE, 45 milhões de pessoas no Brasil têm algum tipo de deficiência, representando 23,9% da população.

Estímulo à cooperação

A pessoa com deficiência muitas vezes é independente e desenvolve estratégias para lidar com as dificuldades do cotidiano. Mas incentivar a equipe a ajudá-la quando necessário — por exemplo, eventualmente buscar papéis na impressora para um profissional que seja cadeirante, auxiliar na mobilidade em rampas — pode desenvolver um ótimo senso de solidariedade na equipe. Além disso, esses momentos vão possibilitar mais interação entre os colegas de trabalho, auxiliando as relações interpessoais a ficarem mais sólidas, amigáveis e cooperativas.

Promoção de produtividade

Como qualquer outro colaborador, a PCD também apresenta elevada produtividade se estiver motivado, tiver feedbacks, boas remunerações, um bom clima organizacional, plano de carreira e um plano de benefícios. É preciso se desprender da ideia de que a deficiência torna o profissional incapaz ou menos produtivo que seus colegas de trabalho. A PCD tem tanta capacidade quanto os outros membros do time, basta que sejam realizadas adaptações para as necessidades que ela apresenta e que a empresa invista neste profissional assim como nos outros colaboradores.

Melhoria da imagem da empresa

Contratar PCDs apenas para passar uma boa impressão é uma medida antiética e acaba não sendo efetivo, pois a empresa acabará tratando-os com descaso. Em algum momento, o problema é percebido e a boa imagem é perdida. Por outro lado, quando a empresa agrega pessoas com deficiência ao time e investe em uma inclusão real, tanto social quanto estrutural, os resultados são muito positivos. A impressão que a empresa irá passar é de responsabilidade social e jurídica, humanidade e inclusão.

Contratação de profissionais maduros

Uma pessoa que tem deficiência em geral acaba desenvolvendo uma boa habilidade para lidar com frustrações. Isso porque a PCD enfrenta muitos obstáculos no cotidiano, seja com mobilidade ou por ser privado em algum sentido. Como colaboradora, ela poderá ser mais tolerante com as dificuldades e capaz de enfrentar os desafios. Essa não é uma regra, mas é muito recorrente perceber esses traços em pessoas com deficiência.

Conhecimento de exemplos de superação

A PCD em geral é um exemplo para os outros colaboradores, por enfrentar tantas dificuldades buscando sua independência e realização profissional. A história de alguém com necessidades especiais pode nos ensinar muito, mostrando como é possível superar os problemas e construir uma trajetória positiva. Com esses exemplos, toda a equipe ficará mais motivada e mobilizada para buscar soluções e se empenhar no cotidiano de trabalho. A pessoa com deficiência pode trazer muitos benefícios para a organização. Seu potencial de produtividade pode ser igual ou superior à média dos outros colaboradores, além de ela ter mais habilidades para tolerar frustrações. Além disso, a equipe terá muitos aprendizados sobre inclusão e cooperação. Sua empresa também precisará se adaptar às necessidades especiais da PCD, o que é exigido em legislação. Investir em inclusão acaba otimizando a imagem da organização e possibilita conhecer um mercado consumidor muito representativo, mas que ainda é pouco valorizado na sociedade. A contratação de pessoas com deficiência também aprimora as habilidades do RH, além de dar exemplos de superação que motivam todo o time.